Como criar um propósito de vida – O guia completo

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É impressionante a quantidade de pessoas que nos dias de hoje, tem como objetivo descobrir o seu propósito de vida. É quase como se estivessem em busca de uma fórmula secreta que uma vez descoberta, fará com que sintam felicidade e realização pessoal até ao fim dos seus dias.  

Acredito que tal acontece por duas razões. A primeira, é pelo facto de a maioria das pessoas estar insatisfeita com o seu emprego e com a sua vida em geral. 

A segunda, é por causa de uma das maiores mentiras que a sociedade nos faz acreditar, que é a de que cada um de nós foi escolhido para fazer algo de único, especial, e nobre no mundo. 

Este não é um tema fácil. Algumas pessoas podem puramente nunca descobrir um propósito de vida. Não obstante, muitas pessoas vivem felizes sem um.   

Se estiver em busca de um propósito, repare que este artigo se chama “como criar um propósito de vida”, e não “como descobrir o seu propósito de vida”. Daqui a pouco, vai entender porquê. 

Será que universo se esqueceu de si? 

Nem você nem eu somos especiais, o que são ótimas notícias! Significa que podemos escolher qualquer propósito de vida, ou mesmo vários! Para o ajudar a reforçar a sua noção de insignificância (não precisa de agradecer) olhe bem para a imagem em baixo:

Imagem da Via Láctea mapeada em 3D
Chao Liu (National Astronomical Observatories, Chinese Academy of Sciences)

Segundo um artigo publicado no site da Universidade de Macquarie na Austrália, esta é a primeira imagem 3D da via láctea considerada apurada.  

Para criar esta imagem, astrónomos dessa universidade, juntamente com astrónomos da Academia de Ciências chinesa, utilizaram 1339 estrelas padrão para mapear a verdadeira forma da nossa galáxia. 

Se esta imagem por si só não o impressiona, saiba também que a Nasa Space Place estima que a nossa galáxia tenha cerca de 13.6 biliões de anos. No meio de um número tão grande, as nossas vidas duram apenas um microssegundo. 

Nesta imagem, existe ainda um pontinho impercetível devido ao seu tamanho extremamente reduzido chamado Terra.  

Na Terra, a vida é possível devido a um conjunto de condições fortuitas, que vão desde se encontrar a uma distância específica do sol, até ter uma lua proporcionando-lhe um eixo de rotação estável.  

Estas são apenas duas de um grande enumerado de circunstâncias, em que bastava a inexistência de apenas uma para que nunca tivesse existido vida no nosso planeta! 

Até parece que é de propósito, não é? 

Somos os únicos responsáveis por criarmos os nossos propósitos de vida.

Quando queremos descobrir um talento, ter uma epifania ou encontrar um propósito, e não encontramos respostas em sítio algum, não significa necessariamente que o universo se esqueceu de nós e de nos incluir no seu grande desígnio.  

Como seres racionais, podemos felizmente escolher outra abordagem, que é a de sermos nós a desenvolvermos o talento que desejamos, sermos ativos a estudar e a ler de maneira a termos epifanias e revelações introspetivas, e principalmente, sermos nós a criarmos um propósito de vida.  

Estou tão certo disso ao ponto de afirmar que é preferível o criar do que o tentar descobrir! 

E sabe porque é que deve ser você a criar um propósito de vida? 

Porque a vida é sua!

Ninguém o conhece melhor do que você mesmo, e encontrará mais facilmente respostas dentro de si do que fora. Ao longo da sua vida fez diversas escolhas. Essas escolhas podem ter sido razoáveis na altura porque estavam em concordância com a pessoa que era no passado. 

Hoje, você é uma pessoa diferente. Pode continuar a fazer o mesmo se gosta dos resultados que obteve, ou pode tomar decisões num espectro totalmente novo e escolher onde colocar a sua dedicação. 

Os valores que nos movem mudam com o tempo e com as nossas experiências de vida, e não existe nada de errado com isso. 

Como criar um propósito de vida.

O que vai aprender de seguida permite-lhe criar um propósito de vida. Dei-lhe a designação de “um” propósito de vida e não de “o” propósito de vida, porque este pode e provavelmente vai mudar diversas vezes ao longo dos anos. 

Mas, nunca se esqueça de que quem tem o poder de escolha é você e não o acaso. 

Para criar um propósito de vida siga estes 3 passos: 

1º.

Fazer uma lista de tudo o que gosta. 

Para começar, faça uma lista de todas as coisas que são do seu interesse, mesmo que nunca tenha feito nada relacionado com isso. 

Exemplo: 

Manutenção de bicicletas, astronomia, escrita, edição de vídeo, ilustração científica, críquete, costura, bowling, programação, dramaturgia, restauração de móveis, etc. 

Desta lista, escolha uma coisa. Não pense demasiado, escolha uma hoje! Aliás, escolha agora neste preciso instante! Não tenha medo de escolher a “coisa errada”, porque a coisa errada simplesmente não existe. 

Se quer viver explorando o máximo das suas capacidades, consegue fazê-lo escolhendo um propósito e dedicando-se de corpo e alma ao mesmo, o que envolve trabalho árduo. Não pode limitar-se a ficar à espera que alguma coisa lhe caia no colo. 

Se não sabe o que fazer, comece por fazer essa lista. Não se limite a conceptualizá-la na sua mente. Precisa de colocá-la no papel de forma a poder olhar para o que escreveu. E é tão somente isso que vai fazer, olhar para o que escreveu e fazer uma escolha. 

2º.

Definir ações concretas. 

Uma vez feita a sua escolha, tem de saber o que vai fazer com ela. Afinal de contas, estamos a falar de um propósito de vida.  

As ações concretas, usualmente, envolvem não só prática, mas também algum tipo de estudo. Identifique o nível em que se encontra para estipular qual o tempo de prática e de estudo de que carece. 

Este conceito pode ser um pouco difícil de entender, no entanto, as ações concretas que definir não têm obrigatoriamente de ser estipuladas para concretizar um objetivo no futuro. 

O seu propósito pode ser unicamente atingir a maestria no domínio que escolheu, e mesmo quando atingir a maestria, pode passar o resto da sua vida a aperfeiçoar cada vez mais a sua prática. 

3º.

Planear o tempo. 

Esta parte é a mais importante de todas, a que fará verdadeiramente com que viva um propósito de vida. Repare bem que as pessoas que planeiam o seu tempo têm sempre alguma intenção.   

O que pretende com este planeamento, é tornar o seu novo propósito numa rotina diária.  

Se tem dificuldade com autodisciplina e em criar rotinas leia o artigo: Como desenvolver autodisciplina e criar novos hábitos

E porquê uma rotina diária? Pelo seguinte motivo:   

O que torna a sua escolha um propósito é a sua consistência na execução. É por praticar e estudar esse campo diariamente que com o tempo, este se torna no seu propósito! 

Tudo isto leva-nos a deitar por terra uma desculpa muito usada pelos procrastinadores devotos…  

A procrastinação pela falta de um propósito.

Se leu com atenção os parágrafos acima, entendeu agora que não é a falta de um propósito que leva à procrastinação. 

É a procrastinação que leva à falta de um propósito! 

Não é por ainda não terem encontrado os seus propósitos de vida que as pessoas procrastinam, mas sim porque desconhecem que precisam de criar rotinas que as levem a fazer alguma coisa, o que as levará por sua vez a sentir que têm um propósito. 

É a sua dedicação, o seu esforço e o seu empenho, que fazem com que alguma coisa se torne num propósito.

Há quem pense que assim descobrir o seu propósito de vida, nunca sentirá preguiça para trabalhar no mesmo, o que está completamente errado. Durante o primeiro mês, enquanto desenvolve a sua rotina diária, vai lutar contra a falta de vontade muitas vezes. 

Esta é a única altura em que acredito que precisa de arranjar motivação. O primeiro mês de uma nova rotina é o mais difícil. Algures nesses primeiros 30 dias sentirá ansiedade, e será também com a sua força de vontade que terá de vencer a letargia. 

A apresentadora Celeste Headlee declarou na sua TED talk que aprendemos sobre nós mesmos através da prática e não através da teoria.  

Aconselhou ainda a pensarmos no que gostamos no nosso atual trabalho, qual a parte neste na qual somos muito bons, e em que parte do mesmo as outras pessoas dizem que somos muito competentes. 

Algures nas respostas a estas perguntas está escondida a nossa missão de vida. 

O que a intuição nos diz sobre o propósito de vida que escolhemos.

Intuição e propósitos de vida são inseparáveis. A sua intuição servirá como bussola para lhe dizer se está no caminho certo, mas nunca no começo! 

Só poderá confiar na sua intuição após ter criado rotinas diárias produtivas relacionadas com o propósito que escolheu. Enquanto não tiver desenvolvido autodisciplina, esqueça quando a sua intuição lhe disser que o que está a fazer não é sua missão de vida. 

Se antes de se ter dedicado diligentemente ao propósito que escolheu, tiver momentos em que acha que a sua intuição lhe diz que aquilo não é para si, saiba que o que está a ouvir não é a sua intuição, mas sim a sua mente a inventar desculpas.  

Desculpas essas que, embora lhe possam trazer alívio inicialmente, vão muito possivelmente lançá-lo num longo ciclo de procrastinação, até se lembrar novamente que passar os dias a ver televisão e a postar imagens engraçadas nas redes sociais não o fazem sentir-se realizado. 

Começará então a busca por um novo propósito de vida, que tristemente, terá também um fim muito prévio. 

Quando confiar na intuição. 

Se conseguiu criar rotinas diárias, e já se tornou habitual para si dedicar uma parte do seu dia ao propósito que escolheu, então sim, oiça o que a sua intuição lhe diz a esse respeito. 

E se escolher o propósito errado?

Como já mencionado, não existem propósitos errados. Mesmo assim, existe uma grande probabilidade de que o seu propósito mude várias vezes ao longo da sua vida, e nunca se esqueça de que neste quesito, você é que tem sempre a última palavra a dizer. 

A escolha que fizer não tem de ser definitiva. Não tem de fazer votos de dedicar a sua vida a uma única coisa até ao fim dos seus dias. Contudo, se quer alcançar realização pessoal, precisa pelo menos de se dedicar a alguma coisa. 

Não importa com o passar dos anos que essa coisa mude várias vezes. Apenas importa se tiver como meta atingir a maestria e tornar-se numa referência na área que escolheu. Se tal estiver nos seus planos, não tem outra solução senão manter a sua escolha. 

Mas se for esse o caso, terá também de abdicar de tudo o resto, pois tornar-se fenomenal nalguma coisa requer uma dedicação fanática e obsessiva.  

Para saber mais sobre este assunto, leia o meu artigo publicado no empreendedor.com “Quer ser fenomenal? Esqueça o equilíbrio!” 

Se não tiver paixão por nenhuma área, melhor ainda!

Este é mais um mito a esquecer, o de que tem de sentir paixão por alguma coisa antes de começar a dedicar-se à mesma. 

Tal como a estrategista de branding Terri Trespicio disse na sua TED talk, existe uma crença muito perigosa sobre o sucesso e a vida no geral, que é a de que temos uma única paixão na vida, e de que o nosso dever é o de a descobrir e de a perseguir excluindo tudo o resto. 

A paixão por uma área vem depois da dedicação, e não antes. Sentir uma leve inclinação por algum campo em particular pode ser um sinal, mas nem isso é necessário. 

Outras pessoas acreditam ainda que o seu propósito é algo em que são boas naturalmente sem terem de praticar. Essas pessoas nunca descobrirão nenhuma habilidade na qual têm um desempenho fenomenal sem nunca terem praticado, pelo motivo de que tal é impossível! 

Um propósito de vida como fator determinante de sucesso. 

Angela Duckworth, a autora do livro “Grit”, investigou em diversos ambientes e com diversos tipos de pessoas qual o maior preditor de sucesso, e descobriu que este é nada mais do que garra!  

Veja aqui a sua TED talk

O que quer dizer com a palavra “garra”, é essencialmente paixão e perseverança por objetivos de longo prazo. Comprometer-se com o seu futuro, e trabalhar arduamente para o tornar numa realidade. Viver a vida sabendo que esta é uma maratona e não um sprint. 

Esta é também uma excelente definição de propósito de vida. 

Porquê criar um propósito de vida?

Ter um propósito ajuda-nos a lidar com o caos nas nossas vidas. Sabe aquelas alturas em que tudo corre mal, e em que parece que o mundo está a desabar em cima de si? Essas alturas são ultrapassadas com muito mais facilidade quando vive com um intento. 

Quando a sua vida tem um propósito, ganha como que um género de intolerância à dor emocional, e se passar grande parte do seu tempo altamente focado e com um sentido de estar a cumprir a sua missão, deixa praticamente de sentir ansiedade no seu dia a dia. 

As preocupações que costumam afligir a maioria das pessoas não o afetam. Começa a gerir o seu tempo escrupulosamente, pois não tem tempo a perder com gratificações instantâneas. 

E valoriza-se mais a si mesmo, o que faz com que as outras pessoas também o tenham em elevada consideração. 

Viver com um propósito de vida tem um preço, mas viver sem também. Escolha qual das duas cruzes deseja carregar. Uma das duas fá-lo-á mais feliz do que a outra.   

“Quem tem um porquê enfrenta qualquer como”

Viktor Frankl

A consciência da própria mortalidade.

Nos primeiros anos das nossas vidas, vivemos quase como se fossemos imortais. A começar pela infância, altura em que tudo o que importa é o momento presente. Durante esse período, o nosso propósito é nada mais do que viver.  

Na adolescência, embora pensemos num futuro, não deixamos de viver como se tivéssemos todo o tempo do mundo.  

Sonhamos sem limites, ainda somos capazes de imaginar uma vida construída por nós, até ao momento em que as pessoas à nossa volta, como os nossos pais, professores, e alguns amigos, nos tentam dissuadir. 

No início da vida adulta, temos uma certa facilidade em adiar para o dia de amanhã o que não nos apetece fazer no momento. Sabemos que somos novos e que ainda temos muitos anos de vida pela frente. 

É indiscutível que algumas passam a vida toda a adiar os seus planos, até chegarem ao ponto de nem se lembrarem de que um dia os tiveram.  

Contudo, muitos de nós despertam para a facto de que vamos morrer um dia, e o tempo passa a ter uma importância de relevo. 

A consciência da nossa mortalidade desperta um sentido de urgência dentro de nós. Se pensar todos os dias na sua morte iminente, vai decerto fazer despertar algum propósito dentro de si, ou pelo menos, fazê-lo decidir-se por um.  

Os propósitos nem sempre são profissões.

Um propósito de vida não tem de estar obrigatoriamente relacionado com uma profissão. Pode escolher como propósito dedicar-se a causas ambientalistas, dedicar-se a uma religião, constituir uma família, resgatar animais abandonados, dominar um instrumento musical, e a lista continua.  

Alguns propósitos nem sequer requerem o desenvolvimento de novas competências. Apenas exigem que dedique o seu tempo a determinadas atividades.  

Existe uma coisa que estes propósitos têm quase todos em comum, que é o facto de terem algum tipo de impacto na vida de outras pessoas (ou animais). Talvez o que queira realmente seja contribuir para alguma causa. 

A sociedade de hoje em dia quase nos impulsiona a nos tornarmos narcisistas. A maior parte dos anúncios que passam na televisão transmite-nos a mensagem de que temos de nos esforçar para subir uma espécie de pedestal, meramente com o objetivo de mostrarmos aos outros que somos melhores do que eles. 

Por esse motivo, existem pessoas que querem ter um propósito de vida apenas para se sentirem importantes aos olhos dos outros.  

Querem fazer parte de alguma tribo, terem o sentimento de pertencer a alguma coisa, ou inversamente, parecerem que são únicos, como se tivessem sido escolhidos pelo destino para desempenhar uma tarefa que apenas elas podem desempenhar. 

Se não sente apelo por nenhuma profissão, talvez consiga a sua realização pessoal com algum contributo para o mundo. 

O que a ciência diz sobre os propósitos de vida.

Ainda que um propósito de vida possa ser exclusivamente melhorar a vida de outras pessoas, têm surgido cada vez mais evidências de que estes têm uma ligação muito forte com as nossas profissões.  

Durante uma entrevista na Harvard Business Review, Nicholas Pierce, professor associado clínico na Kellogg School of Management, afirmou que os indivíduos que têm o seu trabalho em sintonia com o seu propósito de vida são mais felizes e produtivos. 

O que não é de admirar. Ganhar a vida ao mesmo tempo que realizamos o nosso intento é uma das maiores formas de realização pessoal a que podemos almejar. 

Ter um propósito torna-nos mais saudáveis e resistentes.

Existe um estudo na Sage Journals que demonstra que quem tem um propósito de vida, não só envelhece mais saudável, como ainda vive mais tempo!  

Noutro estudo, publicado no The National Center for Biotechnology Information, demonstrou-se que quando vivemos com um propósito de vida, tornamo-nos mais resilientes e ultrapassamos com maior facilidade os eventos traumáticos. 

Quer criar um propósito? Comece por limpar os filtros na sua mente.

Antes de escolher um propósito de vida, precisa de ter a certeza de que está a pensar pela sua própria cabeça e sem qualquer influência de terceiros. 

Uma das formas de o fazer, é não dizer a ninguém que o está a fazer. Desde a lista das áreas de que gosta, até à nova gestão do seu tempo. Vivemos numa era em que parece que todo o mundo tem sempre uma opinião para dar. 

Enquanto crescemos, aprendemos que para sermos educados, temos de ouvir e de reconhecer a opinião das outras pessoas. Nunca nos disseram para pensarmos por nós mesmos. 

Para tomar decisões sem filtros, deve eliminar as noções preconcebidas, as crenças limitantes, os estereótipos e os rótulos que coloca nas pessoas e nas situações à sua volta. 

Será que está na altura certa para criar um propósito de vida? 

Tenho a certeza de que algumas pessoas vão ler este artigo, e achar que o propósito de vida delas é ver temporadas inteiras de séries deitadas no sofá, passar tardes na praia a torrar ao sol, e dormir 12 horas por dia. 

Se for o seu caso, saiba que não existe nada de errado consigo. Pode ter como propósito viver uma vida de marasmo e ociosidade, e ainda assim, ter objetivos de vida de vez em quando.  

Como referido num artigo na Psychology Today, um propósito é diferente de um objetivo, na medida em que um propósito é uma ação específica à qual dedica a sua vida.  

Se os nossos propósitos podem mudar ao longo dos anos, a necessidade de os ter ou não também. Lembro-me bem de uma altura da minha vida em que estas questões nem sequer me passavam pela cabeça. 

Talvez pela ingenuidade da juventude, ou talvez pela falta da necessidade de estar num caminho específico. O que é certo, é que a vida se vivia sem nenhum plano. Não obstante, hoje em dia, nem imagino como seria a minha vida se não tivesse algo pelo que lutar diariamente. 

 O meu testemunho pessoal.

Este é um assunto sobre o qual sinto que a minha opinião pode ser extremamente útil, e acerca do qual poderia escrever sem fazer qualquer pesquisa, nem apresentar estudos científicos.  

Há anos que vivo o meu propósito de vida, o qual é definido no seguinte parágrafo: 

Investigar, deixar-me fascinar e surpreender com o que descubro para criar as minhas próprias ideias, e de seguida, partilhá-las com o resto do mundo de uma maneira que acrescente valor às suas vidas. O meio que escolhi para o fazer foi através da escrita. 

Deixo de seguida as minhas considerações, e também algumas curiosidades que poderão ser úteis a todas as pessoas que desejam criar um propósito de vida: 

Sem autodisciplina não viveria o meu propósito. 

Conhecer o meu propósito não me dá automaticamente motivação infinita para trabalhar arduamente. A execução não me dá gratificação imediata. O trabalho árduo é efetuado devido à autodisciplina. 

Se não tivesse rotinas diárias com tarefas definidas e horas marcadas para as executar, o meu propósito não passaria de uma fantasia. Uma ideia romântica na qual pensaria apenas para me sentir especial. 

Todas as outras áreas da vida são afetadas. 

Quando vivemos com um propósito, todas as outras áreas das nossas vidas são influenciadas. Por exemplo, aquelas situações que incomodam a maioria das pessoas, como a chuva, lidar com pessoas tóxicas ou o trânsito, praticamente não nos afetam.  

A maneira como gerimos os nossos relacionamentos muda também. Tornamo-nos muito mais seletivos em relação às pessoas com quem passamos o pouco tempo que temos disponível. 

Até a nossa alimentação se torna mais saudável. Precisamos de conseguir manter a concentração ao longo do dia sem quebras de energia, e temos a noção de que precisamos de nos manter vivos o máximo de tempo possível. 

A sensação de realização pessoal é constante.

É necessário algum tempo até sentir realização pessoal, mas quando esta chega, a sensação de felicidade e orgulho é quase constante. O que provoca a sensação de realização é observar aquilo que temos vindo a construir ao longo do tempo. 

Para algumas pessoas, essa realização chega através do impacto que têm na vida de outros. Para outras pessoas, vem da sensação de se tornarem mais competentes a cada dia que passa.  

Para outras, vem do facto de estarem a construir um império e a deixar algo para a posteridade. 

O tempo ganha mais importância.

Quer a sua missão seja acabar com a fome no mundo, ou tornar-se no próximo Jimy Hendrix, vai precisar de gerir muito bem o seu tempo.  

Atividades mundanas como jogar no smartphone ou ver séries na televisão são completamente descartadas, ou são só realizadas nos dias de descanso. 

Só existem dias de descanso para recuperar energia. 

Os dias de descanso existem, mas não porque queremos descansar ou fazer outras coisas. São dias colocados estrategicamente na agenda para recuperar energia de maneira a sermos melhores no que fazemos. 

No meu caso em particular, foi necessário chegar ao burnout três vezes para me obrigar a incluir um dia de descanso todas as semanas. 

A necessidade de consumismo desaparece. 

Há muitos anos atrás, quando passeava em centros comerciais, pensava sempre em todas as coisas que compraria se tivesse dinheiro ilimitado, desde computadores topos de gama a relógios de marca. 

Hoje em dia, se precisar de me deslocar a um centro comercial por algum motivo, não sinto interesse em comprar rigorosamente mais nada para além do que me fez ir até lá.  

E mesmo isso, é certamente algum bem de consumo essencial, ou então uma compra planeada antecipadamente. Já não imagino como seria bom poder comprar tudo o que quisesse, pelo motivo de que o consumismo já não desperta o meu interesse. 

Conclusão.

É meu desejo que este artigo o ajude a obter mais clareza sobre este assunto que parece tão complexo, mas que nem o é assim tanto.  

Espero que tenha percebido que não pode ficar à espera de descobrir um propósito de vida por mero acaso, mas também, que não precisa de complicar demasiado na escolha de um.  

Se quer viver com um sentido de missão, precisa de parar de tentar descobrir o seu propósito de vida como se se tratasse de um enigma que necessita de resolver.  

Faça uma lista daquilo que gosta, escolha algo, e comece a trabalhar para que com o tempo sinta a tão desejada realização pessoal.

Sem medos, sem fazer filmes na sua cabeça e sem pensar demasiado. Porque sejamos francos, o que você quer na verdade, é sentir-se feliz, e a felicidade surge quando fazemos escolhas e não através da inatividade.  

Faça a sua escolha hoje.

Se ainda não fez uma escolha mas pretende fazer, faça-a hoje. Porquê hoje? Porque se clicou neste artigo, é porque já andou à procura de respostas e não as encontrou.  

Está na altura de se tornar no criador das suas circunstâncias de vida, em vez de esperar passivamente por uma coisa que pode muito bem nunca chegar.  

As opções são infinitas. Faça algo que contribua para tornar o mundo um lugar melhor, ou faça algo apenas para melhorar o seu mundo. Ou então não faça nada! Talvez a leitura deste artigo o tenha feito perceber que afinal, você não precisa de um propósito de vida! 

Se acabar por fazer uma escolha, seja hoje, daqui a um mês, ou mesmo daqui anos após ler este texto, deixe-me ficar a saber o que escolheu para ser a sua missão de vida e o que o levou a fazer essa escolha. 

Nada me deixa mais curioso do que observar os caminhos que as pessoas escolhem e os motivos que as levam a percorrê-los.

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