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É inevitável. Chegamos a uma altura das nossas vidas em que deixamos de tomar decisões sem que nos apercebamos. O despertador toca de manhã, levantamo-nos, e começamos uma série de rotinas. Duche, pequeno almoço, lavar os dentes, transportes e trabalho.
No trabalho, começa a próxima volta de hábitos enraizados. Mais tarde, à hora de saída, vamos para casa para mais uma sessão.
Podemos atravessar dessa forma meses, ou mesmo anos sem sequer pensar ativamente. Sem fazer um esforço para tomar decisões conscientemente, apenas reagindo.
Transformamo-nos em robôs que seguem um guião insípido e sem oportunidades de crescimento, escrito nem sabemos bem por quem, enquanto nos convencemos de que esse guião, é a nossa vida.
Com o passar dos anos a nossa visão fica turva.
Não estou a tentar fazê-lo marcar uma consulta de oftalmologia. O que importa aqui, é perceber se consegue avaliar-se de forma correta e sem dourar a pílula.
Como é que tem vivido a sua vida? O que tem feito com o seu tempo?
As ações que executa diariamente são uma escolha sua, ou são derivadas de consequências que se atravessaram no seu caminho, e que foram incorporadas no seu dia-a-dia sem se aperceber?
Acontece a todos nós perdermos a noção dos hábitos que desenvolvemos por vontade própria, e daqueles que permitimos infiltrarem-se sorrateiramente. Estes últimos, são frequentemente os prejudiciais.
Distraídos com um frenesim constante, as nossas próprias vidas tornam-se invisíveis para nós mesmos. Podemos até ser bem tangíveis para as nossas famílias e para os nossos amigos que ainda assim, se não existíssemos, o mundo continuaria a funcionar sem qualquer problema.
Uma mera pausa nas nossas vidas não vai desestabilizar o funcionamento do universo. Após uma interrupção planeada, voltamos com mais poder e mais capacidade para mudar o ambiente à nossa volta.
O que acontece quando paramos, segundo a ciência.
Este é um assunto já muito estudado pela ciência. É incontestável que fazer uma pausa traz benefícios. Um estudo disponível na Springer Link demonstra que as atividades de lazer têm uma importância de relevo para ajudar a lidar com o stress do trabalho.
O stress gerado nos nossos empregos, não se manifesta apenas durante a execução da nossa atividade profissional. Para alguns de nós, o trabalho pode até ser o único sítio onde o stress é gerado, mas é quase certo que passará para outras áreas das nossas vidas.
No que diz respeito ao nosso bem-estar, um estudo disponível no site da City Univeristy of London demonstra que trabalhar com mais diligência, é significativamente melhor para o nosso bem-estar do que trabalhar mais horas.
É preferível trabalhar com foco e dedicação, do que passar mais tempo no emprego. Realisticamente, pode não ser melhor para a nossa carteira. Ao passar mais horas no trabalho recebemos horas extra, todavia, é melhor para o nosso conforto.
Existe também uma pesquisa feita pela Standford University que demonstra que as caminhadas ajudam a estimular a criatividade. Assim sendo, quando fizer uma pausa, faça também algumas caminhadas.
A criatividade que daí virá poderá ajudá-lo a ganhar uma perspetiva sobre a vida completamente diferente.
Mas se quiser mesmo juntar o útil ao agradável, faça essa caminhada na natureza. Um estudo publicado na BMJ Journals provou que as caminhadas na natureza são muito mais eficazes na redução do stress, do que as caminhadas na cidade.
E se quiser também mais capacidade cerebral para resolver problemas, aproveite ainda a sua pausa para praticar a maravilhosa arte de “sonhar acordado”.
Um estudo publicado no site da Science Daily demonstra que o ato de sonhar acordado, ajuda na resolução de problemas complexos.
Quando já nada nos fascina.
Fazer uma pausa na sua vida é também mudar as suas próprias regras. Por vezes, parece que já experimentámos tudo aquilo que havia para experimentar. Temos uma falsa sensação de já não existirem experiências novas que nos possam encantar.
Se passa a vida a procrastinar, também pode fazer uma pausa. A ideia ao fazer uma pausa na sua vida, é acabar com a sensação de estar dentro de uma prisão em que todos os dias são iguais.
As nossas vidas são feitas de rotinas, sejam estas boas ou más. As rotinas podem tornar o nosso destino bem-sucedido ou ditar a nossa destruição. Não precisa de ler todos os artigos deste blog para descobrir que sou um incontestável entusiasta de rotinas.
As rotinas, ou hábitos se preferir, mudaram a minha vida. Os hábitos que criamos deliberadamente tornam o nosso sucesso num processo inconsciente que quase não requer esforço.
Os hábitos produtivos são criados através de autodisciplina. Praticar um instrumenta musical 2 horas por dia é doloroso no início. Mas passado cerca de um mês e meio, torna-se normal.
Quem diz praticar um instrumento diz também escrever diariamente, limpar a casa todas as quintas, fazer exercício 3 dias por semana, ler 20 minutos antes de adormecer, etc. Os nossos hábitos são uma previsão do nosso futuro.
A ideia é fazer atividades recreativas.
Fazer uma pausa não significa parar as suas rotinas para ver televisão e jogar vídeo jogos durante 6 horas por dia.
Fazer uma pausa implica ter experiências novas, tais como:
- Conversar com pessoas fora do seu círculo do costume.
- Juntar-se a um grupo de caminhadas na natureza.
- Fazer um workshop de algo que nunca lhe passou pela cabeça experimentar.
- Ter aulas de improvisação.
- Juntar-se a um clube de leitura.
A escolha é sua, seja criativo.
Defina quanto tempo vai durar a sua pausa.
Para que essa pausa não se transforme em meses de procrastinação, precisa de saber quanto tempo vai durar. Podia dizer-lhe para ser estratégico com o que vai fazer com esse tempo, mas se a ideia é interromper as suas rotinas, não faz sentido definir uma programação.
Não quer dizer que não planeie a sua pausa de todo. Planear é até aconselhável, o que não é aconselhável, é ser excessivamente meticuloso com a organização da sua agenda.
Se optar por planear algumas coisas, não se coíba de deixar espaços em branco em que decidirá na hora o que vai fazer. Pessoalmente, as minhas pausas tendem a ser de uma semana, a duas no máximo.
Motivos para fazer uma pausa na sua própria vida.
Estes são os motivos que podem nos levar a fazer uma pausa, interrompendo tudo aquilo que se passa nas nossas vidas (e que pode ser interrompido) naquele momento:
Quando precisamos de nos reinventar.
Quando o estilo de vida que estamos a viver e as nossas noções preconcebidas já não servem os nossos propósitos.
Quando ocorre uma mudança brusca nas nossas vidas.
Quando ocorre uma mudança nas nossas vidas causando um grande impacto emocional, ainda que este seja um impacto positivo.
Quando nos sentimos sobrecarregados.
Estar sobrecarregado leva-nos a perder a noção do que é prioritário. Fazer uma pausa ajuda-nos a recuperar o discernimento.
Quando perdemos a criatividade.
Quando sentimos que já não conseguimos ser criativos apesar dos nossos melhores esforços, tal significa que precisamos de novas experiências, de meditação, ou de uma pausa para recarregar as baterias da inspiração.
Quando perdemos a visão.
Quando deixamos de conseguir visualizar a nossa meta final. Principalmente se esta costumava ser bastante clara.
Quando ficamos demasiado cansados para pensar.
Quando nos apercebemos de que estamos há semanas demasiado cansados para conseguir fazer uso de raciocínio lógico, é porque está na altura de fazer uma pausa.
Abandone a sua identidade.
Largue a sua identidade durante a pausa. Deixe de se ver como o tipo de pessoa que faz determinadas coisas e que não faz outras. Deixe de associar o seu valor próprio a uma ação em particular.
Durante esta pausa, deve experimentar atividades que nunca fez por achar que não têm muito a ver com o seu tipo de personalidade.
Por exemplo, se gosta de usar o seu tempo livre para ficar em casa a ler, experimente fazer bunjee jumping. Mas caso seja um instrutor de bunjee jumping, experimente participar em aulas de escrita criativa.
Quando as pausas não são uma opção.
Tenho plena consciência de que nem todo o mundo tem uma vida privilegiada na qual possa fazer pausas sempre que lhe apeteça.
Para as pessoas que têm uma vida normal, com um emprego regular, fazer uma pausa não é uma opção a não ser que exista a possibilidade de tirarem férias. A alternativa, é fazer uma pausa nas rotinas que podem ser interrompidas temporariamente.
Pode não ter a opção de fazer uma pausa no trabalho, e ainda assim, mudar algumas rotinas no dia-a-dia.
Se costuma ver televisão antes de adormecer, substitua esse hábito por meditação.
Se tem o hábito de tomar café com os seus amigos à sexta à noite, experimente organizar algo de diferente em que todos possam participar, com uma partida de monopólio num parque.
As suas rotinas podem ser substituídas por outras temporariamente. Se não gostar das novas experiências, pode sempre voltar aos velhos hábitos. No entanto, vai certamente aprender muito acerca de si mesmo saindo da sua zona de conforto.
Interesso-me por todo o conhecimento que pode genuinamente melhorar as nossas vidas. Discordo dos ideais transmitidos pela cultura pop, e prezo habilidades como a autodisciplina e a capacidade de pensar pela própria cabeça. O meu propósito de vida é escrever não-ficção.