Se falhou em tudo na sua vida, aproveite!

O conceito de “falhar na vida” só poderia ser possível numa sociedade em que existe uma meritocracia. Um falhado é definido na maior parte dos sítios como um indivíduo que não tem êxito na vida.

E como todos nós sabemos, o termo não é usado como forma de lisonja, mas sim de humilhação, ainda que no entretenimento, principalmente nas series televisivas, existam falhados retratados como divertidos, inteligentes, e até mesmo como exemplos a seguir.

A definição abrangente que a sociedade criou para os falhados, é a de alguém que ganha pouco dinheiro, não está num relacionamento ou está num tóxico que o faz infeliz, tem excesso de peso, ou todas estas coisas em simultâneo.

Sem ter em conta o facto de que existem obesos multimilionários, solteiros felizes e que se sentem gratos pelas suas vidas diariamente, e pessoas que ganham pouco dinheiro, mas que sabem gerir as suas vidas de tal forma que acabam por ter uma qualidade de vida muito superior à de muitos ricos. 

Mas mais importante do que as nossas opiniões sobre essas pessoas, é a forma como elas se veem a si próprias. Vamos imaginar dois casos muito diferentes, em que ambos os protagonistas sentem que falharam em tudo nas suas vidas.

Falhado nº 1.

O seu despertador toca de manhã, e a sua vontade de sair da cama é nula. Na noite anterior, programou 6 alarmes no telemóvel, com uma diferença de 5 minutos entre cada um, tal a dificuldade que sente em sair da cama quando acorda.
 
Sempre que um desses alarmes toca, desperta também um lembrete mental do quanto odeia a sua vida. Todos os dias são para si um daqueles dias, em que mais valia não ter saído da cama.
 
Acaba por sair da cama na mesma, porque o seu emprego precário e mal pago, que por sinal detesta, permite-lhe não se tornar num sem abrigo nem morrer à fome, e apenas isso.

Quando sai à rua, os casais de mãos dadas e felizes que observa recordam-no da sua falta de atratividade, motivo pelo qual acredita não estar num relacionamento.

Vê a sua vida como uma série de tortuosas rotinas diárias, e o seu único objetivo é sobreviver ao fim de cada dia, até que chegue a hora de ir para cama, onde pode finalmente dormir e esquecer-se da sua própria existência, mas só até ao dia seguinte, quando terá de repetir tudo novamente…

Falhado nº 2.

Do outro lado, temos o tipo bem-sucedido que também acha que falhou em tudo na sua vida. Trabalha como advogado, médico, ou numa profissão que outras pessoas consideram um sucesso. À semelhança do falhado nº 1, também odeia a sua vida.
 
Desde cedo que sonhou em frequentar o conservatório e tornar-se violoncelista numa orquestra sinfônica, viajando pelo mundo e vibrando ao tocar as peças dos seus compositores favoritos.

Não obstante, optou por agradar aos seus pais e por seguir aquilo que é preconizado pela sociedade, fazendo o mais “racional”.
 
Casou com uma das raparigas mais bonitas da universidade, tornando-se na inveja do seu grupo de amigos na altura. Entretanto a rapariga, agora sua mulher, revelou-se como sendo uma narcisista tirana que o antagoniza diariamente, usando-o como suprimento narcisista.

Só que nenhum dos seus amigos dos tempos da universidade está lá para ver isso. Até porque já perdeu o contacto com todos eles. Esta nossa personagem, que aparenta ser um sucesso aos olhos das outras pessoas, sente que falhou em tudo na sua vida.
 
Pode ser difícil de conceber que duas pessoas com estilos de vida totalmente diferentes, vejam-se ambas como tendo falhado nas mesmas áreas.

Usamos os nossos resultados como motivo para nos rotularmos, sem nos apercebermos que existem pessoas que aparentam, na nossa opinião, ter a uma vida perfeita, mas que se sentem completamente miseráveis.

Quando é que sabe que é um falhado? Quando se sente como um.

Embora sentir-se grato com aquilo que tem seja positivo, mesmo que tenha muito pouco, a falta de gratidão pode ser uma poderosa alavanca para o fazer agir e tomar decisões diferentes. Tudo depende do seu tipo de personalidade.

Para algumas pessoas, a frustração é um grande motivador, enquanto que outras precisam de sentir que as suas vidas lhes correm bem, caso contrário, não conseguem se disciplinar para concretizar as suas aspirações.
 
Se acha que falhou em tudo na sua vida, pelo menos tem algo a seu favor, que é o facto de se responsabilizar por isso. Assim sendo, existe uma grande oportunidade que pode estar fora da sua atenção.

“Independentemente da qualidade da sua vida no momento presente, se acredita que o único responsável pelos seus resultados é você, o seu futuro está nas suas mãos.” 

Ver-se como um falhado dá-lhe a oportunidade de mudar a sua vida.

A outa opção, seria ver-se a si mesmo como uma vítima das circunstâncias. Mentalidade essa que o faz sentir-se irremediavelmente impotente.  

Um espírito condenado vive encurralado num beco sem saída, sempre dependente que alguém ou algum afortunado evento altere o seu destino. Nem tenta melhorar a sua vida porque nada pode fazer por si mesmo. Ou pelo menos nisso acredita.

Estranhamente, para deixar de ser um perdedor, tem de estar disposto a perder. Mas sempre assumindo a responsabilidade quando não alcança aquilo a que se propõe. Lembre-se de que o seu ego prefere não sentir qualquer tipo de humilhação e nunca se colocar numa posição de risco, ainda que esse risco possa trazer grandes aprendizagens.

Falhou em tudo? Então tudo é possível!

Quando já se encontra a meio, seja no desenvolvimento de um negócio, na aprendizagem de uma habilidade, ou qualquer coisa na qual colocou empenho durante um período de tempo prolongado, é porque tomou uma decisão importante no passado.

Investiu tempo, talvez dinheiro, e fez alterações na sua vida e nas suas rotinas. Numa situação dessas, foi feita uma escolha. Alterá-la significaria, na maior parte dos casos, voltar atrás e começar tudo de novo.

Se falhou em tudo até ao momento presente, as suas hipóteses mantêm-se em aberto. Não está a meio de nada, e como tal, tudo é possível para si. Pode agir sem remorsos.

A estaca zero é sempre o local onde as oportunidades são infinitas. Só tem de escolher qual quer aproveitar.

Para acabar com os fracassos contínuos, precisa imperiosamente de duas coisas.

1 – Acreditar que aquilo que deseja é possível.

Imagine tentar motivar-se para realizar um sonho que no fundo, acredita ser impossível de alcançar. Acha que consegue? Quanto tempo vai demorar até desistir? Qual será a sua dedicação e investimento? Provavelmente muito pouca.

Para adquirir a crença de que aquilo que deseja é possível de alcançar, procure evidências no mundo real. Fale com pessoas que já tiverem sucesso na mesma área, ou melhor ainda, construa um círculo social formado por essas pessoas.

Neste momento está a pensar “Arranjar amigos bem-sucedidos? Claro, como se isso fosse assim tão fácil”.

Tudo bem, vou contar-lhe como é que eu o fiz. A primeira coisa a ter em mente, é que elas não virão ter consigo. Posto isto, tem de saber onde é que elas andam. Contactá-las pelas redes sociais é inútil (tal como quase tudo aquilo para que as redes sociais servem).

Procure eventos onde as pessoas se encontram ao vivo em vez de se esconderem atrás de um teclado. Use os sites meetupeventbrite, ou outros que sejam dedicados a encontros relacionados com a área na qual quer ter sucesso.

Participe em encontros e fale com todas as pessoas presentes, converse, troque contactos, e convide-as para se encontrarem consigo noutros dias.

Faça-o sempre numa perspetiva de acrescentar valor às suas vidas. Nunca o faça com o objetivo de obter proveito.

E por favor esqueça a palavra “networking”.

Você não vai ser um contacto de negócios, vai ser um amigo que fará parte das suas vidas nos bons e nos maus momentos, e vice-versa.

No meu círculo de amigos, existem pessoas que atingiriam a maestria nas suas áreas, tornando-se muito requisitadas e com agendas muito preenchidas, mas que ainda assim, arranjam tempo para estar comigo ao vivo.

O simples facto de estar em contacto com pessoas que realizaram muitos dos seus sonhos dá-me uma incrível motivação para trabalhar nos meus. São um lembrete constante de que ser-se extremamente bem-sucedido é algo de muito real.

“Travar amizade com pessoas extraordinariamente bem-sucedidas dá-lhe uma prova física de que conquistar metas incríveis, é possível.” 

2 – Desenvolver a capacidade de trabalhar sem receber recompensas imediatas.

Acredito que o vicio em gratificações imediatas é um dos grandes males do século XXI.

Estamos constantemente a ser condicionados para sentir uma espécie de prazer instantâneo, que nem tão pouco é prazer verdadeiro, mas sim uma distração que nos deixa dormentes e que nos distrai dos nossos problemas.

Este vicio tem diminuído a nossa capacidade de concentração drasticamente. Tornou-nos em crianças mimadas. O prazer instantâneo, ou deveria antes dizer, a ilusão de prazer instantâneo, arruina qualquer possibilidade de criar autodisciplina.

A qual leva ao verdadeiro prazer. Uma vida gratificante, sem necessidade de estímulos constantes. Uma das razões pela qual as pessoas falham, é porque acreditam que têm de receber uma recompensa por todo e qualquer esforço que façam, instantaneamente.

Esta é também uma mentalidade de escassez. Alguém que não consegue dar nada aos outros sem receber algo em troca. A mentalidade de escassez mantê-lo-á na escassez.

Faça a transição gradualmente, desenvolva autodisciplina criando hábitos diários fáceis de executar.

Por exemplo, pratique uma habilidade de que necessita para alcançar a sua meta, durante 30 minutos por dia. Comece com aquilo que consegue fazer, aumentando o seu nível de investimento quando 30 minutos diários já não representarem um desafio para si.

Por mais indisciplinado que seja, será capaz de melhorar o seu foco com o tempo.

Qual considera ser o seu maior fracasso até hoje, e como deu a volta por cima?

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